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sábado, janeiro 21, 2006

AMOR E ROSAS

Podia, num simples estalar de dedos, desvendar todos os mistérios ocultos do universo. Detentor de segredos cósmicos pela arte da alquimia, Ilídio, podia mesmo transformar-se em puro conhecimento.
Oh! Mas não, não queria tal coisa, estava apaixonado. Queria o amor, a essência do amor, o amor mais puro de todos, o amor espiritual.
Provaria a Madalena, a sua paixão arrebatadora. Oh! O desejo que fervia no sangue! Haveria maior prova de amor que o sacrifício do prazer?
Ah! O amor não tem forma, não tem cheiro, não tem cor, é símbolo é fragrância dos sentidos. Branco, branco símbolo da pureza. Rosas! Rosas!
Negaria a carne, deixaria rolar as lágrimas de prazeres perdidos, ofereceria amor. Trocaria a alquimia pelo amor.
O amor existe, no sol, nas chuvas, na água e no mar. Existe nas rosas, nas rosas brancas.
Beijaria Madalena pela última vez, do beijo nasceria uma rosa, uma rosa branca.
Madalena beijava, quando os lábios de Ilídio se tornam pétalas, as mãos folhas, e as pernas caule. Uma rosa branca.
O amor abre-se em pétalas, liberta desejos, alarga sentimentos.
O amor é belo, intenso de paixão, Madalena quer dois em um. O uno, a fusão de seres, a felicidade da união. O desejo materializado. Aperta na mão a rosa branca. Solta-se, contorce-se em êxtase divino. A Rosa Branca sente o calor da paixão, do caule erguem-se espinhos. Espinhos penetrantes buscando o sangue escaldante de Madalena. Dois em um, prazer, prazer! Corre nas veias da rosa branca o sangue de Madalena. Rosa branca! Rosa rosa! Rosa vermelha!
A rosa vermelha sabia da paixão. As rosas brancas não sabem nada de amor. A rosa vermelha queria ser homem. Queria mais que alma e sangue, queria ser homem para provar as loucuras da carne. Queria ser homem mas não podia, a rosa vermelha nada sabia de alquimia.
Madalena amava a sua rosa vermelha, queria vê-la feliz. Não queria a solidão da rosa vermelha. Madalena comprou um ramo de rosas vermelhas, estas fariam companhia à sua rosa amada, que o amor está além da posse. Rosas vermelhas, tanta rosa vermelha! Madalena já não sabia qual era a sua rosa vermelha, pareciam todas iguais, todas tinham espinhos.

7 Comments:

Blogger Mac Adame said...

O amor em vez da alquimia. Há, então, seres humanos ainda desprendidos do poder. Preferem as coisas simples e belas. Será isso? É esse o caso de Ilídio? Se é que o amor é simples e belo... Talvez não.

3:34 da manhã  
Blogger Carlos Estroia said...

Talvez sim..., talvez não...
Talvez o instinto do poder, lei do mais forte no reino animal, cause uma reação de força contrária- "o amor espiritual". Talvez o amor espiritual não seja mais que a elevação divina do amor carnal. Talvez seja o instinto sexual que leva ao amor. Talvez não se consiga separar o amor carnal do amor espiritual. Talvez tudo seja um paradoxo e o que queremos é sexo. Talvez sim, talvez não, venham os filósofos e decidam metafisicamente aquilo que é físico. Ou talvez até seja mesmo metafísico... talvez sim talvez não. Talvez o amor seja apenas simples e belo mas com espinhos, como as rosas

3:51 da tarde  
Blogger Eu said...

o amor não precisa de companhias, mesmo, e sobretudo, quando os espinhos picam

12:58 da tarde  
Blogger Amaral said...

O amor não tem forma... mas até a forma contém o amor!
E quando Wilhelm Reich diz que o sexo é espiritual, obriga-nos a pensar que só numa entrega consciente, o sexo pode tocar a vida. A euforia e fulgor no êxtase sexual transcende o simples acto praticado racionalmente...

10:07 da tarde  
Blogger Amaral said...

O vazio tem forma?...
Eu, que acredito na expressão individualizada de Deus (que sou eu e és tu...), poderia dizer-te que o vazio em que "mergulhamos" quando conseguimos aquietar a nossa mente é o lugar onde o meu "eu interior" se manifesta na "forma" que é...
Por outro lado, a forma física que é a expressão do corpo divino como um Todo Único contém o "vazio" de que faz parte.
Parece, naturalmente, um jogo de palavras.
Mas a forma mais simples de dizer o mesmo seria:
"Tudo é a mesma coisa. Nada está desligado de nada. Está tudo unido, embora não pareça. E o tudo do Todo contém, naturalmente, o que é e o que não é. E contém também o vazio e aquilo que o preenche.
Um abraço!

1:13 da manhã  
Blogger Unknown said...

Não hé bela sem senão...
Obrigada pela visita! :)

6:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns, gostei muito do seu blog!

1:33 da tarde  

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