Princípio da incerteza
Discípulo para o Mestre:
- Mestre, aquilo que diz e escreve é de génio ou fruto do acaso?
Mestre:
- Todos os génios são fruto do acaso.
Discípulo:
- Mestre, então os génios nascem do acaso?
Mestre:
- São os génios que criam o acaso.
E o Discípulo partiu.
Oh! Se a força de espírito e das palavras do Mestre, me desvendassem os mistérios que me atropelam a cada momento.
Oh! Que feliz a morada do ventre materno, um cordão apenas é todo o nosso sustento.
Oh! Recordações apagadas.
A espuma do mar acalmará o tormento de minha alma.
Encontrarei quente conforto no laranja poente, banhar-me-ei em raios d’oiro, sentirei frescura no prateado mar.
As ondas deixarão na cristalina areia, segredos ocultos do oceano profundo.
O Discípulo olhava o mar inquieto, agitava pensamentos nos instantes das ondas. Ondas furiosas, que lutavam entre si para beijar os lábios, feitos d’areia, da doce terra. Se segredos traziam, segredos levavam.
A espuma, são apenas vestígio instante que se sobrepõe a instantes de breves beijos. Beijo de instantes, nenhum beijo perdura. A luta é longa, o beijo breve, assim é a vida, instante que se sobrepõe a instante. As ondas são a inquietude do coração, bate, bate, e nunca o sangue é o mesmo.
O mar é como o ventre materno não deixa recordações. Deixa instantes na areia, que o vento leva quando a maré baixa.
Desarmei-me de ilusões e seduções do mar. Dormirei aqui, amanhã subirei à montanha.
A claridade da manhã iluminaria o caminho, a frescura do orvalho matinal traria verdura, coberta de esperança.
Deambulou pelo labirinto de florestas, trepou rochedos, serpenteou atalhos e chegou ao cume.
Expiram-se vapores, rasgam-se nuvens, reluzem entre as névoas um clarão, o azul domina.
Olhou o céu que estendia o sol, não viu reflexos, polido em demasia está o céu, pensou.
Olhou as cachoeiras que se precipitavam em abismos. Olhou mais profundamente ainda, e viu a lucidez do mar.
É do alto da montanha que vemos a serenidade do mar.
Desvendei algo em alturas, é pois hora de falar novamente com o Mestre.
Discípulo para o Mestre:
- Mestre é de longe que se vê a natureza das coisas?
Mestre:
- Volta a subir a montanha e repara no elefante e na formiga.
O Discípulo assim o fez. Chegado ao cume, olhou e viu que o elefante e a formiga eram, pareciam, do mesmo tamanho.
Jamais recearei na vida mergulhar.
Desceu a montanha e mergulhou no tempestuoso mar. Tão fundo, tão fundo que nem a luz se atreveria a tanto. Descobriu que sem luz, nenhum tesouro reluzia. Sem mistérios desvendados, faltou-lhe o ar, desmaiou.
Despertou na areia húmida, deu graças por ter sido salvo sem saber por que artes.
Renasci por acaso, pensou.
Era já manhã e o sol brilhava imponente, quando o Discípulo reparou que não tinha sombra. Reparou ainda que também não se recordava de antes a ter. Nunca tinha reparado na sua sombra. Sempre tinha preferido o sol às sombras, mas agora sentia falta de uma sombra.
O Discípulo procurou o Mestre, quando encontrou o Mestre viu que este era a sua sombra.
O Discípulo nada perguntou à sua Sombra, que antes era Mestre, abraçou-a de saudade e colocou-a a seus pés, nunca mais se separariam, pensou.
A Sombra ficou feliz, assim podia guiar-lhe todos os passos, até que pudesse andar pelos seus próprios pés.
Um dia o Díscipulo, tomou consciência que desde que o Mestre era Sombra, nunca mais falou com ele, ou melhor com ela, a Sombra. Descobriu ainda, que ficava sempre entre o sol e a sua Sombra.
Oh! Como fui egoísta, queria que a Sombra estivesse sempre comigo, não apenas em breves instantes, e acabei por acorrentá-la a meus pés.
Solto-te agora, vai sê livre, tu que mesmo presa, nunca me tiraste o sol, a luz do saber.
Sombra:
Nunca fiquei presa contra minha vontade, eu sempre guiei os teus passos, construí o teu caminho até este momento. Agora podes caminhar, pelos teus pés, caminhar ao acaso, e talvez um dia possas ser génio e construir um caminho feito de acaso. Instante a instante, construirás o teu caminho. Agora tens a humildade suficiente para não condensar todos os instantes.
Quanto a mim vou esperar que alguém me encontre por acaso como tu o fizeste.
Anos se passaram, e o Discípulo já não recordava como a vida era com a Sombra a seu lado. A Sombra é como o ventre materno, pensou de maneira feliz. Agora vivia todos os instantes, já não pensava em instantes. Nunca mais seria como foi, seria como o acaso quisesse, e ele faria o acaso como quisesse.
Nota:Esta história nasceu para tentar retratar o poema Eminentemente que o Al escreveu, o resultado não foi conseguido, o vento não soprava de feição, amanhã talvez volte a tentar se o vento ajudar.
- Mestre, aquilo que diz e escreve é de génio ou fruto do acaso?
Mestre:
- Todos os génios são fruto do acaso.
Discípulo:
- Mestre, então os génios nascem do acaso?
Mestre:
- São os génios que criam o acaso.
E o Discípulo partiu.
Oh! Se a força de espírito e das palavras do Mestre, me desvendassem os mistérios que me atropelam a cada momento.
Oh! Que feliz a morada do ventre materno, um cordão apenas é todo o nosso sustento.
Oh! Recordações apagadas.
A espuma do mar acalmará o tormento de minha alma.
Encontrarei quente conforto no laranja poente, banhar-me-ei em raios d’oiro, sentirei frescura no prateado mar.
As ondas deixarão na cristalina areia, segredos ocultos do oceano profundo.
O Discípulo olhava o mar inquieto, agitava pensamentos nos instantes das ondas. Ondas furiosas, que lutavam entre si para beijar os lábios, feitos d’areia, da doce terra. Se segredos traziam, segredos levavam.
A espuma, são apenas vestígio instante que se sobrepõe a instantes de breves beijos. Beijo de instantes, nenhum beijo perdura. A luta é longa, o beijo breve, assim é a vida, instante que se sobrepõe a instante. As ondas são a inquietude do coração, bate, bate, e nunca o sangue é o mesmo.
O mar é como o ventre materno não deixa recordações. Deixa instantes na areia, que o vento leva quando a maré baixa.
Desarmei-me de ilusões e seduções do mar. Dormirei aqui, amanhã subirei à montanha.
A claridade da manhã iluminaria o caminho, a frescura do orvalho matinal traria verdura, coberta de esperança.
Deambulou pelo labirinto de florestas, trepou rochedos, serpenteou atalhos e chegou ao cume.
Expiram-se vapores, rasgam-se nuvens, reluzem entre as névoas um clarão, o azul domina.
Olhou o céu que estendia o sol, não viu reflexos, polido em demasia está o céu, pensou.
Olhou as cachoeiras que se precipitavam em abismos. Olhou mais profundamente ainda, e viu a lucidez do mar.
É do alto da montanha que vemos a serenidade do mar.
Desvendei algo em alturas, é pois hora de falar novamente com o Mestre.
Discípulo para o Mestre:
- Mestre é de longe que se vê a natureza das coisas?
Mestre:
- Volta a subir a montanha e repara no elefante e na formiga.
O Discípulo assim o fez. Chegado ao cume, olhou e viu que o elefante e a formiga eram, pareciam, do mesmo tamanho.
Jamais recearei na vida mergulhar.
Desceu a montanha e mergulhou no tempestuoso mar. Tão fundo, tão fundo que nem a luz se atreveria a tanto. Descobriu que sem luz, nenhum tesouro reluzia. Sem mistérios desvendados, faltou-lhe o ar, desmaiou.
Despertou na areia húmida, deu graças por ter sido salvo sem saber por que artes.
Renasci por acaso, pensou.
Era já manhã e o sol brilhava imponente, quando o Discípulo reparou que não tinha sombra. Reparou ainda que também não se recordava de antes a ter. Nunca tinha reparado na sua sombra. Sempre tinha preferido o sol às sombras, mas agora sentia falta de uma sombra.
O Discípulo procurou o Mestre, quando encontrou o Mestre viu que este era a sua sombra.
O Discípulo nada perguntou à sua Sombra, que antes era Mestre, abraçou-a de saudade e colocou-a a seus pés, nunca mais se separariam, pensou.
A Sombra ficou feliz, assim podia guiar-lhe todos os passos, até que pudesse andar pelos seus próprios pés.
Um dia o Díscipulo, tomou consciência que desde que o Mestre era Sombra, nunca mais falou com ele, ou melhor com ela, a Sombra. Descobriu ainda, que ficava sempre entre o sol e a sua Sombra.
Oh! Como fui egoísta, queria que a Sombra estivesse sempre comigo, não apenas em breves instantes, e acabei por acorrentá-la a meus pés.
Solto-te agora, vai sê livre, tu que mesmo presa, nunca me tiraste o sol, a luz do saber.
Sombra:
Nunca fiquei presa contra minha vontade, eu sempre guiei os teus passos, construí o teu caminho até este momento. Agora podes caminhar, pelos teus pés, caminhar ao acaso, e talvez um dia possas ser génio e construir um caminho feito de acaso. Instante a instante, construirás o teu caminho. Agora tens a humildade suficiente para não condensar todos os instantes.
Quanto a mim vou esperar que alguém me encontre por acaso como tu o fizeste.
Anos se passaram, e o Discípulo já não recordava como a vida era com a Sombra a seu lado. A Sombra é como o ventre materno, pensou de maneira feliz. Agora vivia todos os instantes, já não pensava em instantes. Nunca mais seria como foi, seria como o acaso quisesse, e ele faria o acaso como quisesse.
Nota:Esta história nasceu para tentar retratar o poema Eminentemente que o Al escreveu, o resultado não foi conseguido, o vento não soprava de feição, amanhã talvez volte a tentar se o vento ajudar.
11 Comments:
mestre, ilumina-me o correio virtual com uma faísca da tua luz
atreve-te que Eu atrevo-me
;)
Estou com Al, eu também gostei de ler e gostei da filosofia adjacente
Eu só quero que me envies um mail (o mEu endereço está onde diz "envelope e papel de 25 linhas")
se tiveres mais dúvidas a alyia explica...
;)
Gostei, continua com estes bons textos.... :)
Bom. Um estilo a que eu chamaria oriental.
Obrigada por teres passado pelo chuva.
Só quero dizer-te que: "e no entanto, nada é por acso!"
Um grande fim de semana.
Será sempre a incerteza que perseguirá o discípulo e o discípulo do discípulo. O mestre tem a certeza e a tranquilidade do seu conhecimento…
Quando encontrarmos o conhecimento na própria sombra, todos vamos ser mestres da verdade…
Sátiras hem... sim senhor!
Olha, gostei (a sério que gostei) e por essa razão é certo que voltarei.
Abraço alado...
Voltei aqui para te dizer que tens autorização para o que pretendes.
Ficarei ansiosamente à espera de ver esse conto.
Abraço
entao tb nevou por ai?
Vitor para dizer que sou morbido já basta a Sandra.
Eu discordo sou pela vida e pelo amor com muito sexo ( fonte da vida). Só que alguns têm que morrer para dar lugar aos mais novos. Nunca mais deixo ninguém vivo, acabaram-se as esmolas e a benovolência, Quero sangue como o Tím(...) quer gajas
Enviar um comentário
<< Home