O guerreiro do coração (I)
Via a flor de lótus abrir-se e voltar-se para o dia que nascia.
Brincava com o vento, fazia piruetas no ar, exibia a sua plumagem colorida e brilhante ao sol, fazia malabarismos e dava cambalhotas. Gostava do vento intenso do Norte, dava-lhe força e resistência. Cantava e dançava jogos de cor e alegria entre as flores. O seu coração, mais rápido que um relâmpago, atingia as 2000 vibrações por minuto. O Beija-Flor amava a vida. Logo pela manhã adorava sentir as brisas aromáticas, olhava o salmão que subia o rio, não se deixava levar pela corrente, por mais impetuosa que esta fosse, o salmão tinha vontade própria. O Beija-Flor aprendia muito com o salmão, batia as asas criando o seu vento, ia para onde queria. Passava pelo limoeiro para respirar a sua verdura e vitalidade. Passeava pelo bosque, contornava árvores, ouvia o rio, banhava-se no orvalho matinal e secava-se nos raios de sol.
O seu coração batia ávido de delírios e desejos de cor. Acelerava as asas em velocidades vertiginosas, vagueando em contornos coloridos, depois abrandava em suaves fragrâncias, mergulhava o bico em doces néctares, sorvendo aromas em beijos de prazer. Sentia-se o correio genético das flores e estava feliz, caçava instantes como se fossem pétalas. Entregava os seus enigmas, medos e devaneios ao vento que saberia o que fazer com eles.
Freneticamente as asas digeriam prazeres que raiavam na alma. Sereno o corpo, liberta-se a mente em contemplação, olhava para as flores da acácia e lembrava-se de um amor secreto e sentia paz e serenidade, o amarelo doirado como bolas de oiro transmitiam riqueza, felicidade, mas também mistério, não podia beber do seu néctar pois era venenoso. Sabia também que o antídoto para o veneno era as próprias raízes da acácia, chamava-lhe a árvore da vida pois a vida é feita de contrários, aprendia com a acácia que para todos os males há uma cura por mais enterrada que esteja. O brilho das suas flores cegavam como o sol, não se pode olhar sempre na mesma direcção pensou. E dela por mais pureza alucinante e real que se tenha, o coração continua a vibrar por novos desejos.
Subiu ao topo do cipreste e por momentos sentiu-se imortal. Desceu entusiasticamente, relaxou o corpo nas flores do absinto numa atmosfera de paz e tranquilidade e embriagou-se com a imensidão do céu azul. Descansou. Ganhou forças voou para a laranjeira e por momentos uma onda de vitalidade percorreu-lhe o corpo, parecia que tudo se podia realizar. Percorreu todas as flores, respirou perfumes, voou para trás, para o lado, para a frente…
Ao fim da tarde esfregou o bico em deliciosos morangos, e foi cheio de encanto cantar lindas melodias a quem amava. Esta pouco ligou, ainda não era época, mas não desistiria, amanhã voltaria, que quem ama não desiste.
Antes de se deitar olhou para a Lua, a Lua tem duas faces, é como os sonhos em que uma das partes borbulham ao acordar e a outra ficarão como mistérios ocultos nas estradas da imaginação, no fundo como a vida.
Viu, já num leve e lento palpebral, a flor de lótus que se fechava para mergulhar na água, também ele fechava os olhos para mergulhar em sonhos. Amanhã seria outro dia!
(contínua)
Nota1: Dedicado à Alyia
Nota2: Ainda não sei quantas partes são ( no mínimo 3), mas também não interessa visto que cada parte pode ser lida como uma só independentemente das outras
Brincava com o vento, fazia piruetas no ar, exibia a sua plumagem colorida e brilhante ao sol, fazia malabarismos e dava cambalhotas. Gostava do vento intenso do Norte, dava-lhe força e resistência. Cantava e dançava jogos de cor e alegria entre as flores. O seu coração, mais rápido que um relâmpago, atingia as 2000 vibrações por minuto. O Beija-Flor amava a vida. Logo pela manhã adorava sentir as brisas aromáticas, olhava o salmão que subia o rio, não se deixava levar pela corrente, por mais impetuosa que esta fosse, o salmão tinha vontade própria. O Beija-Flor aprendia muito com o salmão, batia as asas criando o seu vento, ia para onde queria. Passava pelo limoeiro para respirar a sua verdura e vitalidade. Passeava pelo bosque, contornava árvores, ouvia o rio, banhava-se no orvalho matinal e secava-se nos raios de sol.
O seu coração batia ávido de delírios e desejos de cor. Acelerava as asas em velocidades vertiginosas, vagueando em contornos coloridos, depois abrandava em suaves fragrâncias, mergulhava o bico em doces néctares, sorvendo aromas em beijos de prazer. Sentia-se o correio genético das flores e estava feliz, caçava instantes como se fossem pétalas. Entregava os seus enigmas, medos e devaneios ao vento que saberia o que fazer com eles.
Freneticamente as asas digeriam prazeres que raiavam na alma. Sereno o corpo, liberta-se a mente em contemplação, olhava para as flores da acácia e lembrava-se de um amor secreto e sentia paz e serenidade, o amarelo doirado como bolas de oiro transmitiam riqueza, felicidade, mas também mistério, não podia beber do seu néctar pois era venenoso. Sabia também que o antídoto para o veneno era as próprias raízes da acácia, chamava-lhe a árvore da vida pois a vida é feita de contrários, aprendia com a acácia que para todos os males há uma cura por mais enterrada que esteja. O brilho das suas flores cegavam como o sol, não se pode olhar sempre na mesma direcção pensou. E dela por mais pureza alucinante e real que se tenha, o coração continua a vibrar por novos desejos.
Subiu ao topo do cipreste e por momentos sentiu-se imortal. Desceu entusiasticamente, relaxou o corpo nas flores do absinto numa atmosfera de paz e tranquilidade e embriagou-se com a imensidão do céu azul. Descansou. Ganhou forças voou para a laranjeira e por momentos uma onda de vitalidade percorreu-lhe o corpo, parecia que tudo se podia realizar. Percorreu todas as flores, respirou perfumes, voou para trás, para o lado, para a frente…
Ao fim da tarde esfregou o bico em deliciosos morangos, e foi cheio de encanto cantar lindas melodias a quem amava. Esta pouco ligou, ainda não era época, mas não desistiria, amanhã voltaria, que quem ama não desiste.
Antes de se deitar olhou para a Lua, a Lua tem duas faces, é como os sonhos em que uma das partes borbulham ao acordar e a outra ficarão como mistérios ocultos nas estradas da imaginação, no fundo como a vida.
Viu, já num leve e lento palpebral, a flor de lótus que se fechava para mergulhar na água, também ele fechava os olhos para mergulhar em sonhos. Amanhã seria outro dia!
(contínua)
Nota1: Dedicado à Alyia
Nota2: Ainda não sei quantas partes são ( no mínimo 3), mas também não interessa visto que cada parte pode ser lida como uma só independentemente das outras
20 Comments:
.....belas cores, gotas de orvalho feitas bolas de cristal.....
Abraço caro confrade!
belo texto; a referência à flor de lotus teve um significado especial para mim! Kiss
linda metáfora, recheada de colorido e vida.
.....NOVOS PRESENTES? TAMBÉM?
SIM OH GUERREIRO DO CORAÇÃO.
BOM FIM DE SEMANA.
Lindo!!!
Os teus textos já eram bons mas num hino à vida ainda ficam melhores!
Obrigada Carlos Estroia.
Um beijo do tamanho da maior flor
Belissímo... Obrigado pela visita espero k voltes
Sorrisos com beijos
Gostei de te ler. Obrigada pela visita.
Belo...
Eu tenho uma paixão pelo beija-flor...
Parabéns e obrigada pela visita. Beijo terno.
Mesmo assim, prefiro esperar pela continuação.
Gostei muito do texto - prenuncia a Primavera.
Tem um bom fim-de-semana!
o texto está muito bom e em vez da flor de lótus, cheirou-me já às flores das amendoeiras,
as cores que tens nas palavras encantaram-me e por incrível que pareça mergulhei nelas e passeei no bosque, onde o rio cantou para mim
foi um prazer ler-te
e obrigado par passares pela minha cabana, voltarei para te acompanhar nas palavras que por aqui nos deixas
beijinhos meus
lena
k maravilhosa elega da vida aqui nos ofertas. Voei com o beija -flor, criei o meu vento e parti. contra todos os ventos. Bom f.s Bjs e;)
mas o que é um beija-flor senão um velho albatroz ao pé deste teu talento que bate as asas ziliões de vezes mais rápido que qualquer vento transmontano?
fica (mesmo) bem
;)
bonito. bfs
Obrigada Carlos,
A tua visita honrou-me...
Depois deste belo texto um hino à vida.
Ali onde disseste, viva a liberdade!
Referia-me a liberdade na morte. Porque a vida às vezes nos aprisiona...
Mas nem toda a gente percebe, deixa lá, gostei da tua visita isso é que conta.
Um abraço
Sem dúvida um texto excelente!
... doce, suave, alegre e espero persistente este guerreiro do coração!
pequenos seres que nos animam e transmitem boa energia. Pois serei uma beija-flor na próxima terceira-feira de carnaval... e eu que ainda não sabia de que me mascarar!! já aproveitei a sugestão
Beijo, bom carnaval ;)
Então então onde está a continuação deste pequenos conto? Tem uma boa semana! Kiss
OLÁ GUERREIRO.....VOLÁTIL E BELO....
VENHO SÓ LER RELER RELER RELER....
Bellísima región la trasmontana. Algún día podré recorrerla con calma. Es mi deseo, no se si podr´
a ser cumplido.
Digna cuna de alguien que es capaza de decir "Sentíase o correo genético das flores". Fantástico, como todo el relato.
Un fortísimo abrazo.
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